Acompanhando as celebrações da “modarwin”, “darwinlatria” e “darwinhices” desse ano comemorativo... A Veja vem aproveitando os espaços que sobram no meio das mais de 30 páginas de propaganda para exercer seu papel social de “imparcialidade extrema” [leia minha ironia]. Basta ler as selecionadas e medíocres cartas comentando a matéria “Petryficada” [ver mais sobre a matéria de André Petry]da Veja da semana passada que foram publicadas na sessão “Leitor” dessa semana para ver de que lado nossa “boa mídia” “Oftalmológica” está. A seguir, duas cartas publicadas:
“André Petry, no artigo “Lembra-te de Darwin” (4 de fevereiro), tem toda razão quando diz que é um absurdo ensinar criacionismo nas aulas de ciências. Aos que acreditam no criacionismo, eu perguntaria: afinal, qual o homem que Deus criou, o Australopithecus, o Pithecanthropus erectus, o homem de Neandertal ou o Cro-Magnon (Homo sapiens sapiens)?” (José Rubens do Amaral – Valinhos, SP)
“O artigo do senhor Petry, com sua forte reação ao ensino do criacionismo em aulas de biologia, pode ser entendido dentro do contexto de uma sociedade que elevou a ciência exata ao pedestal da verdade inquestionável. Embora não aceite o criacionismo cientifico na sua forma simplista [forma simplista é culpar o acaso como responsável por estruturas tão complexas como o DNA, 3,1 bilhões de bases formando um código que controla praticamente todas as funções celulares], entendo que os que assim o defendem agem de forma a proteger os seus filhos (não necessariamente contra a influência da ciência moderna) das implicações filosóficas, psicológicas e religiosas do ensino do naturalismo evolucionário, o qual afirma categoricamente que nosso cérebro se desenvolveu apenas por processos naturais.” (Paulo F. Ribeiro – Grand Rapids, Michigan, EUA)
Na primeira carta, o que vemos é uma rala “puxação de saco pétryco” acompanhada por uma pergunta que não seria feita por quem conhece um pouco sequer sobre a teoria criacionista, pois o criacionismo aceita abertamente que houve micro modificações nas espécies criadas a princípio por Deus de forma perfeita, conquanto que ao longo dos tempos os seres sofreram infindas intervenções do pecado sobre sua carga genética e estrutural primária. Ainda sobre esses vários “ancestrais” citados na primeira carta, a quantidade pequena de material fóssil (muitas vezes não passando de pedaços de crânio ou dentes) não oferece a possibilidade de um veredicto conclusivo que não deixe dúvidas sobre uma possível deficiência física presente nesses “antepassados”.
Soando a princípio como uma abertura para a visão criacionista se expressar diante do artigo “petryficado”, a segunda carta não faz mais que colaborar com a solidificação da mentalidade de que evolucionismo é ciência exata e criacionismo é fé religiosa. Longe de ser uma mera desculpa paternalista para não ter filhos rebeldes e socialmente deprimidos, o criacionismo é uma teoria que presa pela ciência empírica da mesma forma como o evolucionismo necessita de especulações filosóficas (muitas por sinal) para ser considerada plausível. Infelizmente, nesse ano de “modarwin”, muitos se esquecem da real importância do naturalista inglês para o evolucionismo, a “filosofia” da seleção natural.
Ainda nesta semana, Veja reservou aproximadamente 20 páginas para falar de Darwin. Alem de fazer questão de colocar o debate sobre origens como um confronto “UMA GUERRA DE 150 ANOS”, para não perder a deixa de Petry, inicia outra matéria com uma alusão do texto bíblico, “A DARWIN O QUE É DE DARWIN...”. Veja sabe bem como causar polêmica... [RAB]
PS: Em breve mais comentários sobre as citadas 20 páginas de Veja...
domingo, 8 de fevereiro de 2009
O que querem que você VEJA
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1 comentários:
Bem, sabemos que a nossa imprensa não tem mais o mesmo papel de antes, dar a informação sem opinar sobre esta; E, em se tratando de Veja, a notícia sempre vem embutida na opinião de quem à escreve.
Uma lastima, eu sei, mas é a realidade, para conseguirmos uma notícia que não esteja impregnada de opinião deste ou daquele editor, temos que garimpar, e muito, para isso.
Abraços, Patrícia Camila F.
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