A linguagem da música ocidental é universal e pode ser entendida mesmo por aqueles que nunca escutaram uma música na vida, segundo um estudo publicado nesta semana (20/03/09).
No estudo, nativos africanos que nunca haviam escutado rádio na vida foram capazes de reconhecer emoções como felicidade, tristeza ou medo expressadas em músicas ocidentais.
Segundo os pesquisadores, as expressões de emoção são uma característica típica da música ocidental, e a capacidade da música de expressar emoções é comumente vista como um requisito para a sua apreciação.
Em outras culturas, porém, a música seguiria outras características, como a capacidade de coordenação grupal em rituais, o que a tornaria menos reconhecível para outros indivíduos de fora do grupo.
"Nossas conclusões explicam por que a música ocidental tem tanto sucesso na distribuição musical global, mesmo em culturas musicais que não enfatizam de maneira tão forte o papel das emoções em sua música", afirma um dos autores da pesquisa, Thomas Fritz, do Instituto Max-Planck para Cognição Humana e Ciências do Cérebro, da Alemanha.
Indivíduos isolados
O objetivo do estudo era descobrir se os aspectos de emoção da música ocidental poderiam ser apreciados por pessoas que nunca haviam tido contato com esse tipo de música.
Os pesquisadores escolheram membros da tribo Mafa, um grupo de 250 indivíduos que vivem isolados no extremo norte das montanhas Mandara, nos Camarões.
O estudo comparou a reação desses indivíduos e de ocidentais à música ocidental e mostrou que ambos os grupos podiam reconhecer de maneira semelhante expressões de emoção como felicidade, tristeza e medo na música.
Os dois grupos se baseavam em características semelhantes das músicas para avaliá-las - a marcação do tempo e a forma -, apesar de esse padrão ter sido mais acentuado entre os ocidentais.
Os pesquisadores também testaram a reação dos indivíduos a músicas alteradas e concluíram que ambos os grupos consideraram as versões originais melhores do que as versões modificadas.
Para os autores, isso ocorre provavelmente porque os sons alterados tinham uma maior dissonância sensorial.
"Tanto os ouvintes do grupo Mafa quanto os ocidentais mostraram uma habilidade para reconhecer as três expressões básicas de emoções das músicas ocidentais testadas no estudo", dizem os pesquisadores na última edição da revista especializada Current Biology.
"Isso indica que essas expressões de emoção manifestadas pela música ocidental podem ser universalmente reconhecidas, de maneira semelhante ao reconhecimento amplamente universal das expressões faciais humanas e da prosódia (ritmo, entonação e ênfase do discurso) emocional", concluem. [BBC Brasil]
Falando nisso: "Não há dúvidas de que a peça de Stravinsky que ouvi domingo causaria a mesma aterradora vidração em qualquer ouvinte atento. A perfeita execuçao da orquestra, aliado à impressionante ousadia do compositor russo ao misturar notas ágeis ao silêncio abrupto, mostram claramente o tipo de ser altamente sensível que somos, capazes de organizar estímulos sonoros de forma a reproduzir e provocar emoções. Segundo o estudo, somos portadores de ordem rítmica e harmônica, uma regulagem sensorial fina que nos permite avaliar positivamente um som harminioso e no mínimo estranhar uma moderna música dissonante. Pergunto eu, qual sería a vantágem evolutiva em se preocupar com harmonia sonora e enternecimento musical? Seríam milhares de anos de energia mutacional aleatória (dando-se ao luxo de ser disperdiçada) trabalhando com afinco para sintonizar essa maravilhosa percepção..." [RAB]
domingo, 29 de março de 2009
Música e sentimentos
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