domingo, 14 de junho de 2009

O olho nem é assim tão...

Aí vai uma daquelas matérias especulativas ignorantes... Digo ignorantes no sentido de ignorar coisas fundamentais para focar em especulações vazias.

Mas achei interessante a disposição dos comentários que apareceram, fato que me faz postar a matéria e alguns comentários legais...

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A MATÉRIA



Um órgão de altíssima... imperfeição



Parece quase ingratidão desancar um órgão que normalmente presta tão excelentes serviços à nossa espécie, mas vamos direto ao ponto: o olho humano é, no máximo, um quebra-galho. Se tivesse sido projetado para uma feira de ciências, levaria nota 6, e olhe lá. Se fosse um novo gadget, destinado a competir com o iPhone, encalharia nas prateleiras. Apesar do seu funcionamento aparentemente azeitado, nosso olho está longe de ser perfeito, e a culpa de seus inúmeros “defeitos de fábrica” é do processo evolutivo complicado e tortuoso que o trouxe até aqui.



É irônico chegar a esse tipo de veredicto sobre nosso aparato visual, principalmente quando se considera que a suposta perfeição dele foi e continua sendo usada como argumento CONTRA a ideia de evolução por meio da seleção natural. Um órgão tão complexo e de funcionamento tão avançado, argumentam os críticos da evolução desde Darwin, jamais poderia ter sido “montado” passo a passo, mas só poderia ter sido projetado de uma vez por todas pela interferência direta de uma inteligência divina.



Deixemos de lado o fato de que o mundo pulula de criaturas com olhos bem mais simples que os nossos, as quais sobrevivem um bocado bem mesmo assim (e cujo aparato visual, aliás, pode muito bem servir de análogo para o que deu origem ao nosso, mais sofisticado). Vamos analisar apenas o design do nosso olho, esse suposto prodígio de complexidade e infalibilidade. Por que será que todos os modelos dele já saem de fábrica com um ponto cego?



Gambiarra

Porque o design do sistema captador de luz do nosso olho é, digamos, meio porco. A coisa toda está de ponta-cabeça, para começar. A informação luminosa vinda do ambiente externo é captada pelas células fotorreceptoras (receptoras de luz), que estão situadas na camada MAIS FUNDA da nossa retina e depois passam esses dados para o cérebro através do nervo óptico. Não seria muito mais fácil e lógico se elas estivessem no topo da retina, de maneira a captar diretamente a luz? Seria, mas a luminosidade precisa atravessar várias camadas de células nervosas e vasos sanguíneos para finalmente ser “lida”.



Pior ainda: o fato de o corpo das células fotorreceptoras estar “de costas” para a luz faz com que as fibras nervosas oriundas delas se juntem mais em cima, formando o nervo óptico, o qual precisa passar por um BURACO na retina no seu caminho rumo ao cérebro. É justamente esse buraco que forma o ponto cego na visão de vertebrados como nós – um ponto cego que precisa ser corrigido “virtualmente” pelo cérebro quando este interpreta as informações visuais captadas pelo olho.



Essa gambiarra cerebral seria totalmente desnecessária se o design do olho fosse mais “racional”. E temos exemplos vivos disso. São os cefalópodes – moluscos como o polvo e a lula, cujo olho é muito parecido com o nosso, mas cuja retina está organizada segundo boas normas de engenharia e tem as células receptoras de luz no topo, e não no fundo. Isso dispensa a necessidade de o nervo óptico abrir um rombo na retina dos polvos e das lulas.



A explicação para a diferença é uma só: trajetórias evolutivas distintas. O mais provável é que o ancestral dos vertebrados, que nos legou uma forma primitiva do que acabaria se tornando o nosso olho, fosse um bicho marinho pequeno e quase transparente, explica o médico Steven Novella, da Universidade Yale (EUA), em artigo para a revista científica de acesso livre “Evolution: Education and Outreach”.



Nas condições desse protovertebrado, a organização específica das camadas da retina pouco importava. Por isso, a ordem não muito razoável acabou se fixando nos descendentes dele, da mesma maneira que a ordem mais “lógica” se tornou o padrão entre os descendentes dos primeiros cefalópodes. O problema é que, nos dois casos, a disposição das camadas da retina virou um esquema fixo do desenvolvimento embrionário, que o organismo não mais conseguia reverter. Ora, não era possível simplesmente “demolir” tudo e recomeçar do zero. A evolução do olho teve de prosseguir usando as matérias-primas à mão, aperfeiçoando onde dava e não mexendo onde não dava, mais ou menos como quem constrói um puxadinho quando acabou o espaço da casa.



Doenças da evolução


Para Novella, é justamente esse modelo evolutivo do puxadinho que explica uma série de problemas de saúde ligados ao design emporcalhado da visão. Exemplo número 1: perda de acuidade visual associada à diabetes crônica, a chamada retinopatia diabética. O que ocorre é que os vasos sanguíneos que alimentam a retina ficam em cima dela. Nos casos crônicos de diabetes, ocorre uma falta de oxigenação nesses vasos. Para compensar, a retina estimula o crescimento de mais deles – o que faz com que os vasos sanguíneos simplesmente fiquem na frente da retina, atrapalhando a visão. Seria muito mais lógico que a irrigação sanguínea viesse DE TRÁS da retina. Seria, mas não é o que acontece.



Exemplo número 2: descolamento da retina, que também pode causar cegueira. Você nunca vai achar um polvo com esse problema, porque as terminações nervosas (os chamados axônios) das células fotorreceptoras desse bicho ajudam a ancorar tais células firmemente nas camadas mais profundas da retina. Já a organização invertida da retina humana deixa tais terminações “no ar”, o que pode favorecer o descolamento.



Exemplo número 3: degeneração macular, a causa mais comum de cegueira no mundo. Trata-se de uma disfunção na mácula, a região da retina onde há a concentração mais densa de células fotorreceptoras. Acontece que a mácula só existe como uma forma de compensar a organização tosca da retina: é uma pequena área que está “limpa” de nervos e vasos sanguíneos, tornando-se central para a visão. Problemas nela levam a uma perda séria da precisão visual. De novo, polvos e lulas não precisam de mácula e, portanto, não sofrem de degeneração macular.



Músculos demais

Engana-se quem pensa que a retina invertida é a única grande falha de design no olho humano, diz Novella. Ainda mais sem-vergonha é a estrutura dos músculos que governam o movimento dos olhos. Primeiro, há mais músculos do que o necessário: são seis, enquanto três bastariam para todos os movimentos possíveis do globo ocular. Pior ainda, esses seis músculos NÃO são redundantes entre si: se houver falhas em qualquer um deles, o movimento fica tão prejudicado que o resultado é uma visão dupla ou outros problemas.



Bastaria que o número de músculos fosse reduzido para que o design se tornasse mais robusto, menos sujeito a falhas – afinal, há menos peças para “quebrar” ao longo do caminho. Mas tudo indica que o nosso olho é só uma versão modificada do olho de peixes primitivos, que tinham SETE músculos oculares (os cães ainda têm esse mesmo número, o qual também já foi registrado em alguns poucos indivíduos humanos). A nossa bagagem histórica, mais uma vez, acaba pesando e causando problemas.



Eis, portanto, o paradoxo da evolução de órgãos complexos, que pode ser estendido, em maior ou menor grau, para qualquer característica humana ou animal. O “design” é sempre de baixo para cima, e nunca de cima para baixo. A reciclagem e o pão-durismo imperam: estamos falando de puxadinhos, e não do Empire State. E, no entanto, essa fraqueza é um bocado forte; do simples e do não-guiado emerge a variedade, a beleza e a adaptação a todo tipo de ambiente. De certa maneira, é uma forma de “arte” espontânea e colaborativa que já dura 4 bilhões de anos.

[G1 - Reinaldo José Lopes - Visões da vida]

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COMENTÁRIOS INTERESSANTES



Fabrício:

Achei MUITO bom as críticas feitas contra essa matéria. Que post ridículo! A ciência, na maioria da vezes, já não sabe mas o que falar. Não culpo quem escreveu essa matéria, mas acho que ele deveria ENTENDER melhor os assuntos antes de publicar! Vacilou brother!!!

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MVR:

“possui graduação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de São Paulo (2001) e mestrado em Estudos Lingüísticos e Literários em Inglês na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2006), instituição onde atualmente cursa o doutorado na mesma área.”

Não sabe nada de ótica, pelo visto… Agora, vai dizer que o cérebro também é imperfeito.

A propósito, sobre a “inversão” da imagem… A evolução também “DEU” ao cérebro a capacidade de “virar” a imagem novamente? Que nem no visualizador de imagens do Windows? Ou seja: Quando a visão surgiu, era de ponta-cabeça, mas aos poucos foi “virando” para a posição que temos hoje - Ainda não sabemos se foi para a direita ou para a esquerda…

Mas a afirmação mais estúpida foi esta:

“Primeiro, há mais músculos do que o necessário: são seis, enquanto três bastariam para todos os movimentos possíveis do globo ocular.”

Seguida de:

“Pior ainda, esses seis músculos NÃO são redundantes entre si: se houver falhas em qualquer um deles, o movimento fica tão prejudicado que o resultado é uma visão dupla ou outros problemas.”

Será mesmo que os três músculos seriam suficientes - se com a perda de um, o movimento já fica prejudicado - para fazer funcionar direito o nosso sistema de visão?

De certo, o escritor do blog precisa de estudo… Este parece que acredita naquelas velhas Old-Schools, de que o Apêndice é um órgão vestigial, e de que Dinossauros deram origens às galinhas.

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Leo Henrique:

Excelente texto! Mais um golpe contra os crentes cegos, que não conseguem compreender que um “designer inteligente” criador de tudo é muito mais improvável de existir que a suposta (e utópica) perfeição do Universo e da vida!!

Quanto aos chorões que falam para você ler a tal Bíblia, fica apenas o meu pesar e as minhas risadas para esse povo tosco.

Mais uma vez minhas congratulações pelo artigo!!!

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Carlos Eduardo:

“Pior ainda: o fato de o corpo das células fotorreceptoras estar “de costas” para a luz faz com que as fibras nervosas oriundas delas se juntem mais em cima, formando o nervo óptico, o qual precisa passar por um BURACO na retina no seu caminho rumo ao cérebro.”

Buraco este que em nada atrapalha nossa visão e portanto continuamos a enchergar muito bem, em 3-D, em cores e numa abertura de 180º.

Eu sugiro ao autor do texto então que se 3 músculos bastaria para o olho se mover perfeitamente então retire numa cirurgia 3 dos 6 músculos seus e vamos observar os resultados. Se ele tem tais características é porque tem de ser assim e tenho eu meus motivos de crer nisso mas que não citarei aqui porque apenas causaria alvoroço.Autores como esses estão sempre loucos procurando coisas que façam com que Deus seja banido do mundo, infelizmente meu caro autor você pode falar 1001 palavras que em nada irá mudar minhas idéias e eu continuo apreciando a Ciência, mas apenas os cientistas sérios.

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jose adilson:

resumo precisaremos de mais quatro bilhões de anos para os nossos olhos ficarem super evoluidos?….

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William:

Eu sou um avido leitor de matérias de ciencia, mas só uma pergunta, especialmente pelo assunto ser de meu interesse… Algum cientista fez algo melhor, mais engenhoso ou eficaz que o “simples, bagunçado e sem nexo” olho humano? Nos meus 29 anos de buscas de informações não encontrei absolutamente nada, e creio que matérias desta, e algumas outras visam apenas a opinião de uma pessoa, ou um grupo de pessoas. Seria mais apropriado no final do artigo mencionar que isso não passa de uma opinião de uma pessoa, ou pessoas, com a “visão curta, simples, bagunçada e sem nexo”.

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Rafael:

Gostaria de dizer a pessoa que escreve nesse blog que por favor estude mais Física e Biologia, de preferencia, porque eh muita besteira escrita nesse blog.

Conselho para estudos: Óptica geometrica(qualquer livro de segundo ano você encontrará esse assunto), Neurofisiologica ocular(para completar o conteudo a ser estudado)

meu amigo você mesmo que nao saiba eh um formador de opniao publica ( coisa seria) intaum da proxima vez que escrever neste blog tente escrever uma coisa que preste, e nao esse monte de porcaria.

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Nota: "Eu não disse nada e não conheço os que disseram…" [RAB]

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